quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Cruel Surprise

06 de Fevereiro de 2017, Base Aérea de Hann Island, território Narkoviano. 13:12.

Todo o esquadrão Odin estava sentado em algumas cadeiras naquela sala, o único som vinha do ventilador na parede, o silêncio era terrível e Heberth resmungou e pegou seus fones de ouvido, colocou-os e começou a ouvir Hush, da banda Deep Purple. A porta se abriu e o comandante da base, Roark Rafferty, entrou na sala, caminhou até a frente das cadeiras e ficou sério olhando para Heberth, que nem notara o comandante e continuou ouvindo sua música e balançando a cabeça, Gabriel, que estava sentado na cadeira atrás, cutucou Heberth que se virou para ele.

- O que? - Perguntou Heberth para Gabriel, que acenou com a cabeça em direção ao comandante, Heberth tirou os fones de ouvido. - Me perdoe, senhor!

- Tudo bem, tenente Taylor...! Sinto informá-los, mas estão afastados temporiariamente das operações dessa base...

- Oh, pelo amor de Deus, Roark! Não é justo, não fomos nós que...!

- Eu sei disso. - Disse Roak interrompendo Heberth. - Não fui eu quem deu a ordem, foi a força aérea.

- E o que vamos fazer agora? - Protestou Gabriel. - Vamos viver aqui na base até a próxima ordem?

Roark se virou e caminhou em direção a porta, parou e disse:

- Não. Vocês vão pra casa. - E depois continuou a andar, saindo da sala, enquanto todos ali mal acreditavam no que ouviram.

13:21.

Os pilotos do esquadrão Odin estavam se preparando para deixar Hann Island em dois helicópteros, Gabriel caminhou até o grupo e convidou todos ali para almoçar no fim de semana em sua casa, depois disso, todos se despediram e se dividiram, entrando nos helicópteros que decolaram e saíam da ilha. Mal acreditava ele que mal passaram uma semana juntos e o esquadrão foi suspenso, voar era o seu sonho e tinha lutado muito em sua vida para ser piloto, mas agora teria que esperar mais um pouco e voltar para sua família em sua cidade natal, Aquarius City.


10 de Fevereiro de 2017, base militar de Santa Fé, Borávia. 13:25

William McKnight foi chamado para comparecer à mesa do Major, ao chegar lá, o Major lhe entregou um ficheiro com o seu perfil, o Major sorriu e lhe deu um aperto de mãos.

- Parabéns, Sargento McKnight! Você foi selecionado para participar de uma ofensiva, se apresente com seu pelotão daqui à três dias, um helicóptero estará te aguardando... - Disse o Major para William, que mal sabia os detalhes da tal ofensiva. William se despediu de seu superior na posição de sentido e saiu da tenda onde ficava a mesa do Major, seu amigo, Ray, correu até ele para saber o que tinha acontecido.

- Will! Hey, Will! O que aconteceu lá dentro? - Perguntou Ray.

- Eu... Nós fomos selecionados para participar de uma ofensiva daqui a três dias.

- Ofensiva? Que ofensiva?

- Eu não sei.


13 de Fevereiro de 2017, Walrus City, Narkóvia. 18:12


Martha havia acabado de chegar em casa junto de Sarah, após tomar um banho, caminhou até a sala e a televisão estava ligada, passando o noticiário. Sarah estava na mesa de centro da sala, fazendo o dever de casa, por um momento, Martha ficou vendo as notícias, e as últimas palavras que ela ouvira do jornalista foram aquelas: Um esquadrão da força aérea interceptou, por acidente, uma aeronave civil do tipo Bombardier Q400. Não há detalhe de vítimas e.... A televisão e as lâmpadas se apagaram, do lado de fora da casa ainda dava para ver o crepúsculo no horizonte, as luzes dos prédios estavam apagados, juntamente com a cidade inteira.

- Mãe, o que é isso? - Perguntou Sarah.

- Acho que não foi nada, filha... Só um black out. - Respondeu Martha, que caminhou até a cozinha e pegou uma lanterna.

Alguns minutos se passaram, Martha e Sarah estavam na varanda observando a cidade cair na escuridão, já que a única coisa que a iluminava era o crepúsculo e a luz do luar. As estrelas surgiam uma a uma em vários pontos diferentes no céu, Sarah correu para dentro da casa e pegou um rádio que ficava na cozinha, o colocou na varanda e o ligou, a música "The End of the World" de Skeeter Davis começou a tocar, tudo estava em silêncio, exceto o rádio. Quinze minutos depois a energia foi restaurada, a cidade quase que ao mesmo tempo, se iluminou novamente.

- Venha filha, vamos pra dentro. - Disse Martha, desligando o rádio e levando sua filha novamente para dentro da casa.

14 de Fevereiro de 2017. 06:00

Sarah se levantou da sua cama e caminhou pelo corredor escuro da sua casa, chegou em uma porta de madeira e a abriu devagar, entrou em um quarto e viu sua mãe dormindo na cama, caminhou até ela e ficou agachada ao lado de sua mãe, que dormia do lado direito da cama. Martha abriu os olhos, curiosa pelos sons e estalos que ouvia do lado de fora da janela, mas se surpreendeu ao ver sua filha ao seu lado.

- Sarah? O que foi, filha? - Perguntou Martha, sorrindo.

- Estou com medo, mãe.

- Medo? Medo de que?

- Esses barulhos do lado de fora...

- Devem ser fogos de artifício ou alguma coisa assim. - Disse Martha, mas também notou que os sons estavam cada vez mais altos, cada vez mais perto, chegou a ficar tão alto que percebeu gritos do lado de fora, se levantou assustada. - Mas o que é isso?!

No momento em que Martha se levantou da cama, algo quebrou o vidro da janela do quarto, brilhando e fazendo furos na parede do outro lado da cama, Sarah gritou e tampou os ouvidos, Martha correu agachada até Sarah e a pegou no colo, correndo pelo corredor até o banheiro, fechou e trancou a porta.

- Você está bem, filha? Tá tudo bem com você, não tá machucada?! - Perguntou Martha assustada, abraçando Sarah.

- Não, eu to bem, mãe... - Respondeu Sarah.

Martha se levantou e olhou para a janela do banheiro, subiu na banheira e observou a cena pela janela, viu explosões enormes no centro da cidade, vários helicópteros voando pelos céus e várias casas e prédios em chamas, aquilo não poderia estar acontecendo, será o que ela temia estava acontecendo? Ou era um pesadelo? Desceu da banheira sem acreditar no que tinha visto, até que teve uma idéia, foi até sua filha e disse para ela continuar no banheiro enquanto ela iria pegar algo, Sarah concordou e Martha abriu a porta devagar, fechou a porta e caminhou pelo corredor, ouviu um barulho muito alto no andar de baixo, logo em seguida, ouviu passos, como se fossem várias botas batendo no chão, uma luz parecida com a de uma lanterna apontou para a escada e alguém começou a subir os degraus, Martha imediatamente voltou ao banheiro onde estava sua filha e se lembrou da portinhola no teto do banheiro, pegou um banquinho e subiu, abrindo a portinhola e colocando sua filha lá em cima, subiu e fechou a portinhola.

Os soldados arrombaram a porta da casa e entraram, um deles se separou do grupo e subiu pelas escadas para o andar de cima, entrou nos quartos e não achou ninguém, viu mais uma porta no fim do corredor, caminhou até ela e a abriu vagarosamente apontando seu fuzil, do sótão, Martha observava abrindo um pouco a portinhola, deixando uma fresta onde ela conseguia ver o invasor, o homem observou o banquinho no meio do banheiro e Martha notou que ele estava suspeitando de algo, imediatamente fechou a portinhola e abraçou sua filha, o homem olhou para o teto e depois caminhou novamente em direção à escada.

Martha ouviu passos na escada e deduziu que o invasor teria descido para o andar de baixo, abriu um pouco a portinhola e viu que não havia ninguém ali, desceu no banheiro e mandou Sarah continuar no sótão. Caminhou pelo corredor e olhou para o andar de baixo, parecia que havia vários homens lá embaixo, correndo e falando euforicamente, por um momento dois passaram na frente da escada e se posicionaram nas janelas apontando suas metralhadoras. Martha se virou e foi até o seu quarto, abriu o guarda roupa e tirou algumas roupas da frente, pegou uma caixa e a abriu, dentro da caixa havia uma
Smith & Wesson Modelo 66 Snub, um revólver pequeno, ficou um tempo olhando para ele pensando se o pegava ou não, ouviu um barulho alto no andar de baixo e pegou o revólver, colocou a caixa novamente no lugar e fechou o guarda roupa, guardou o revólver na sua cintura e caminhou até o banheiro novamente, tomando cuidado para que seus passos não fossem ouvidos no andar de baixo.

14 de Fevereiro de 2017, Aquarius City, Narkóvia. 11:00

Toda a família e amigos de Gabriel estavam no quintal, todos riam e conversavam enquanto assavam o churrasco, era um dia ensolarado e bonito, Gabriel e Heberth conversavam na varanda quando Josie, mãe de Gabriel lhe pediu algo.

- Filho, poderia comprar essas coisas pra mãe? - Perguntou Josie, lhe entregando um pedaço de papel.

- Claro, mãe. Hey, Heberth, vamos comigo no supermercado... - Disse Gabriel, caminhando até seu carro, um Chevelle SS 1970, vermelho com teto e listras preta, abriu a porta e deu a partida, se dirigindo para o supermercado. Enquanto isso, Alicia percebeu a falta de Gabriel e de seu carro, Alicia era a melhor amiga de Gabriel, o conhecia desde seus quatorze anos, mas nos últimos dois anos tinha o visto poucas vezes, já que estava estudando e vivendo em uma base da força aérea.

- Senhora Smith, viu o seu filho por aí? - Perguntou Alicia para Josie.

- Ah sim, eu pedi para ele que fosse ao supermercado pra mim e... - Respondeu Josie, mas parou por um tempo e riu.

- Senhora Smith...? - Disse Alicia, sem entender.

- Ele esqueceu a carteira dele aqui, puxou ao pai, vive esquecendo das coisas...

- Pode deixar, senhora Smith, eu entrego pra ele.

- Sério? Consegue?

- Claro, só me diga para qual supermercado ele foi.

Alicia colocou seu capacete e subiu em sua Burgman 400, fazendo a mesma rota que o Chevelle de Gabriel até o supermercado, ela queria conversar com Gabriel, já fazia um tempo que não se viam e era óbvio que ela não queria apenas entregar uma carteira. Enquanto isso, Gabriel estava pegando um produto da prateleira e colocando na cesta enquanto conversava com Heberth.

- Fala sério, você ainda acha que voltaremos a voar? - Perguntou Heberth.

- Bem, não tão cedo, até explicarem o que aconteceu aquele dia...

- É... Acho que concordo com você, vem cá, não acha isso meio estranho não?

- Estranho? Perdermos comunicação com AWACS e o avião explodir em pleno ar? É, parece estranho sim...

- Às vezes isso parece uma armação, o avião explodir daquele jeito, não é a toa que pensam que nós abatemos o avião.

- Yeah, vai que... - Nesse momento, Gabriel é interrompido pela energia elétrica do supermercado acabar, as lâmpadas se apagaram e os eletrodomésticos se desligaram.

- De novo? Ontem a noite acabou a energia também! - Reclamou Heberth.

- O que está acontecendo? - Perguntou Gabriel ao sentir um tremor dentro da loja, os dois caminharam até a porta do supermercado e viram uma cena chocante, três enormes explosões na direção do porto da cidade, caças voavam pelo céu e alguns bombardeiros Avro Vulcan sobrevoando o porto, imeditamente Gabriel virou suas atenções para sua família, tinha que tirá-los da cidade o mais rápido possível, aquele seria um longo dia.

Um comentário: