17 de Fevereiro de 2017, arredores de Walrus City, Narkóvia. 16:32
Rafael estava sentado em uma cadeira na varanda, pensava em um meio de voltar para a Força Aérea e proteger Julie, tinha que voltar a ativa, tinha uma guerra acontecendo e não podia ficar escondido em uma casa em que a qualquer momento, pudesse ser atacada. Julie parou ao lado de Rafael e sentou-se em outra cadeira.
- Pensando em como voltar? - Perguntou ela.
- Como você sabe?
- Não poderia estar pensando em outra coisa...
Rafael suspirou.
- Julie, eu sinto que eu devo voltar... Alguma coisa está errada nessa guerra, já pensei em muita coisa, acho que não tem como eu voltar pra casa...
- Eu acho que tem sim, e aquela base aérea perto daqui?
- Não é uma boa idéia, além de não sabermos se tem um avião lá, não sabemos que tipo de avião, poderíamos ser derrubados assim que decolásse-mos ou ainda enquanto estivesse-mos na pista... Também porque a base tem guardas armados com rifles de assalto e armas pesadas.
- Eu tenho um amigo que podia nos ajudar.
- O que? Quem? - Perguntou Rafael, sem entender.
- Ele é um policial, ele pode conseguir armas...
- Sabe onde ele está?
- Sim.
17 de Fevereiro de 2017, Walrus City, Narkóvia. 17:35
William acordou, viu que estava em uma casa, procurou seu fuzil e sua pistola, mas não as encontrou, se levantou do sofá e observou em volta, ouviu um som vindo de outro cômodo da casa, era uma voz que pronunciava uma mensagem repetidamente, ao chegar lá, viu uma garotinha loira, parada na frente da TV.
- Olá? - Disse William, a garotinha se virou para ele, assustada.
- Mãe ! - Gritou ela, assustada.
- Calma, está tudo bem, eu não vou machucar você, meu nome é William... - Tentava acalmar a garota, mas foi impedido quando ouviu uma voz.
- Sai de perto dela!
William se virou assustado, viu uma mulher, provavelmente uma civil, apontando um revólver para seu rosto.
- Olha, está tudo bem, estou desarmado... Não quero fazer mal algum à ninguém. - Explicava William, mas a mulher continuava apontando o revólver.
- Você é um invasor, você é da Borávia, não é?! - Dizia ela.
Não tinha como William mentir, a bandeira da Borávia estava estampada no braço direito de seu uniforme bege, "pixelizado".
- Sim, meu nome é William McKnight, sou um sargento do...
- Cale a boca... - Interrompeu ela. - Se você tocar em um fio de cabelo dela, eu atiro! Me ouviu?!
- Tudo bem... Fica calma... - Dizia William, com as mãos para cima.
18 de Fevereiro de 2017, arredores de Walrus City, Narkóvia. 10:32
Rafael acordou, caminhou até a sala e ficou surpreso com um homem, sentado no sofá, imediatamente, Rafael sacou sua pistola e apontou para o desconhecido.
- Quem é você?!
- Ele é um amigo, abaixa essa arma... - Disse Julie, chegando na sala carregando uma SPAS-12 nos braços.
- Mas...! - Rafael ficou sem entender nada.
- Tenho mais outras cinco no carro, duas M-16s e várias outras pistolas... - Disse o homem no sofá.
- Fico surpresa em como conseguiu tirar tudo isso da delegacia...
- Foi uma ordem, com aquele caos, qualquer um conseguiria roubar as armas, por isso tivemos que tirá-las de lá.
- Você é o policial?! - Perguntou Rafael.
- Sim, meu nome é Jason Price...
- Julie, você confia nele?
- E você acha que ele estaria aqui se eu não confiasse? - Respondeu ela, sorrindo.
P.O.V. Jason Price
Depois que apresentei as armas pra ela, nós nos sentamos ao redor da mesa e aquele cara extendeu um mapa da região, e algumas fotos da suposta base que atacaríamos. O plano seria eu criar uma distração para os guardas, enquanto os dois roubassem um avião ou helicóptero, e assim escaparíamos do país e seguiríamos para uma ilha, Hann Island... Nunca prestei atenção nela, mas dizem ser uma ilha militar, bem, qualquer coisa é melhor do que essa região.
Seguiríamos com o plano amanhã, aproximadamente às 19:30. Tínhamos poucas chances de sobreviver, mas se fôssemos morrer, morreríamos lutando.
19 de Fevereiro de 2017, arredores de Walrus City, Narkóvia. 19:15
O carro deixou a casa de Julie, um utilitário que Jason teria roubado, ele dirigia o carro enquanto Julie e Rafael se preparavam para invadir a base. O Sol estava próximo do horizonte, a Lua estava subindo lentamente pelo leste, começando brilhando cada vez mais à medida que os minutos passavam. Minutos depois, Jason parou o carro, Julie desceu com sua SPAS-12 e correu até as àrvores ao lado da estrada, Rafael colocou o cartucho na sua M-16 e preparou o fuzil.
- Até mais, amigo. - Disse Jason sem se virar.
- Até... - Respondeu Rafael, que desceu do carro e correu com o fuzil até Julie.
O carro voltou a se movimentar na estrada, em direção à base, os dois corriam por uma trilha na floresta para chegar até o pátio oeste da base, onde ficava os hangares, havia duas torres de observação, mas depois de Jason chegar, toda a atençãos seria direcionada à ele, facilitando a entrada por Julie e Rafael.
O carro entrava em uma rua e parava na frente do portão da base, vários guardas que estavam patrulhando a entrada apontavam seus fuzis para o motorista, que saiu calmamente do carro e começou à dizer...
- Meu nome é Jason Price, sou um policial local, eu achei um veículo militar acidentado na estrada, é de vocês, certo?!
- O que?! Como assim? Um veículo nosso se acidentou? - Perguntava um dos guardas.
Enquanto isso, todos os vigias nas torres se viraram para o portão, Julie e Rafal foram até a cerca, cortou o arame com um alicate e correram até atrás de um caminhão atrás do hangar, eles estavam com sorte, já que o caminhão continha dezenas de uniformes militares da Borávia, se disfarçando com os seus uniformes, facilitaria a fuga.
- Sim! Tem um jipe militar capotado no meio da estrada, mais ou menos perto daquela ponte sobre o rio, tem quatro soldados feridos lá...
- E por que não trouxe eles? - Dizia o soldado na frente do portão.
- Eu não me lembro de terem mandado uma equipe pra patrulhar essa estrada hoje à tarde... - Comentava outro soldado.
- Eu trouxe um deles... - Disse Jason, caminhando até atrás do seu carro com as mãos para cima, abriu o porta malas. - Ele está aqui!
Jason tirou uma M-16 e começou-se um tiroteio, Jason se protegia atrás do veículo, mas estava certo de que não duraria muito tempo ali, uma vez ou outra conseguia uma chance para atirar contra os soldados, mas os tiros raramente tinham um intervalo.
- Jason! - Disse Julie, preocupada, mas Rafael a segurou para não atrair atenção.
- Não podemos ajudar ele agora, temos que ir!
Rafael entrou em um hangar onde havia um SU-34, um caça biplace¹ da Força Aérea da Borávia, ele checou o combustível e o caça estava já estava totalmente abastecido, provavelmente para no caso de um ataque, pudesse decolar logo sem precisar abastecer enquanto a base fosse atacada.
- Venha, Julie! - Disse ele. - A velocidade desse avião é muito rápida, então, custe o que custar, aguente firme, ok?
- Você só me diz isso agora?!
- Desculpa.
- Desculpa não adianta, você já está acostumado com isso!
- Anda logo, entra!
Julie subiu a escada até o banco do co-piloto, Rafael sentou no banco do piloto e configurou os instrumentos restantes, a aeronave assim começava a se movimentar, saindo do hangar e taxiando até a pista.
Jason aguentava firme o tiroteio, percebeu que mais adiante, a aeronave de Rafael e Julie já estava taxiando, estava sendo deixado para trás, mas ele não se importava com isso, pegou uma granada de fumaça e o jogou na rua, ao lado do carro, a fumaça se espalhou pelo lugar e Jason correu com seu fuzil para a floresta. Consequentemente, um guarda avistou a aeronave taxiando na pista, não havia autorização para decolagem até agora.
- Atirem no avião! Atirem no avião! - Gritava o soldado, todos os outros apontaram seus fuzis para o avião que taxiava na pista, mas algo os impediu de continuarem.
O caça, enquanto fazia a curva para entrar na pista, começou à disparar o seu canhão, os soldados fugiam, tentando se proteger dos projéteis, que eram de um calibre muito maior do que seus fuzis, a aeronave finalmente chegou à pista. Rafael acelerou o avião e puxou o manche, o nariz da aeronave se elevou e o avião finalmente decolou, uma bateria anti-aérea começou á disparar contra a aeronave, mas não a acertou, agora já era inútil, pois o SU-34 já estava longe.
- Aqui é o comandante da base, interceptar aeronave, repito, interceptar aeronave! - Dizia uma voz pelos auto falantes da base.
Dois outros caças Su-27 taxiavam para chegar à pista, decolariam e interceptariam a aeronave que decolou sem autorização, e que provavelmente eram inimigos.
- Julie, você está bem? - Perguntava Rafael.
- Estou enjoada... - Respondeu ela, parecia não estar se sentindo bem.
- Fica calma, nós vamos conseguir.
Alguns minutos depois, Rafael notou duas aeronaves se aproximando às suas seis horas, no radar.
- Droga, agora não...
- Aqui é Rapier 1 e Rapier 3, você está sendo interceptado pela Força Aérea da Borávia, mude o curso imediatamente para a costa, está me ouvindo? - Dizia a voz no rádio.
Rafael não respondeu, não conseguia pensar na hora, se tentasse fugir, teria que manobrar e acelerar a aeronave, o que Julie poderia não aguentar, mas se continuasse naquela velocidade, provavelmente seria abatido.
- Aqui é a Força Aérea da Borávia, temos autorização para usarmos nossos armamentos, você será derrubado se não obedecer. Te daremos dez segundos para responder, ou será destruído.
Rafael já suava frio, sua aeronave apenas tinha o canhão, não havia míssel algum, até que algo aconteceu, os radares pareciam estar com defeitos por alguma interferência, normalmente parecia estar sendo interferido por um ECM.
- Aqui é Rapier 1 e 3, o tempo acabou, você será derrubado.
Os SU-27s se posicionaram atrás do SU-34 e estavam prestes à disparar um míssel, mas todos se surpreenderam quando quatro caças F-15 apareceram às doze horas, disparando dois mísseis que atingiram em cheio as aeronaves interceptadoras, reduzindo-os em pedaços flamejantes.
- Aqui é a tenente Alicia Miller, callsign "Violet", esquadrão Tyndall, Narkóvia, estávamos passando por perto e decidimos interferir, se identifique, por favor.
- Graças à Deus! Aqui é o tenente Rafael Samovich, callsign "Sam", sou do esquadrão Odin de Hann Island, roubei uma aeronave boraviana e estou tentando fugir para casa, poderiam me escoltar? - Dizia Rafael, aliviado.
- Sim, escoltaremos você para Hann Island, fique calmo que não haverá mais perigo.
- Obrigado, tenente! Finalmente voltarei pra Hann Island...
O SU-34 voltava para Hann Island e era escoltado por quatro F-15s, Rafael olhou para trás, mas Julie estava inconsciente, era normal aquilo acontecer com quem nunca tenha treinado, tinha que chegar logo à ilha e levá-la para a enfermaria, os dois estavam salvos.
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¹ - biplace
Aeronave de caça com dois lugares, piloto e co-piloto.
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