18 de Fevereiro de 2017, Walrus City, Narkóvia. 18:00
William estava observando o pôr-do-sol pela fresta entre a madeira na janela, todas as entradas visíveis da casa foram fechadas e pregadas com tábuas de madeira e pregos. O clima de tensão reinava naquela casa, a mulher não saía de perto de sua filha e estava o tempo todo com o revólver em mãos, até que a voz de William perguntar algo.
Um silêncio permaneceu durante alguns segundos, até a mulher responder a pergunta.
- Meu nome é Martha. - Disse, sem nem ao menos olhar para William.
- Martha, eu também não gosto disso, eu não quero fazer mal algum à ninguém, por favor, eu só posso pedir para confiar em mim...
- Confiar em você?! O seu país nos invadiu e destruiu nossa cidade! Todas as pessoas... Toda a vizinhança desapareceu! Vocês mataram todos?!
- Não... Não matamos ninguém, todos fugiram ou ainda estão em suas casas, o seu governo evacuou os civis de todo o litoral, então não se preocupe com eles, eles estão bem.
- Porque vocês começaram essa guerra? Não tem motivo algum pra isso!
- Senhora, por favor, entenda minha situação... Eu não sei de nada, eu sou apenas um soldado, eu recebi ordens de vir pra cá, eu também não queria isso.
Martha ficou em silêncio por alguns segundos, refletindo sobre o que o soldado acabara de falar. Para a surpresa dos dois, a garotinha saiu de perto da mãe e caminhou até o soldado e o abraçou.
- Sarah...! - Disse Martha, ainda temendo algo do homem.
William ficou paralisado e surpreso, começou a acariciar os cabelos da pequena menina, não sabia o porque a garota o abraçou assim e também não sabia o que fazer depois disso.
O momento é interrompido pelo som de turbinas acima da casa, o som fez tremer os objetos nas prateleiras por alguns segundos, assustando os três.
- O que foi isso?! - Perguntou Martha, assustada e abraçando a sua filha.
William caminhou até a janela e tentou ver o que estava acontecendo.
- Eles voltaram! - Disse William, subindo os degraus da escada, apressado.
- Quem voltou? - Perguntou Martha.
- A Força Aérea do seu país.
Martha parou por uns segundos enquanto William observava a paisagem pela janela do quarto de Martha, outra batalha aérea se iniciara nos céus de Walrus City.
- O que nós vamos fazer?! - Perguntou ela, assustada com os sons que vinham do lado de fora.
- Essa casa, tem algum porão ou abrigo?
- Si-sim...! Tem um no quintal, lá fora, nos fundos.
- Ótimo, vocês duas desçam até lá e fiquem lá.
- Mas e você?
- Vão logo, eu tenho que fazer uma coisa...
Martha e Sarah correram até o lado de fora e abriram a porta do porão, descendo as escadas e fechando a porta. William tinha visto um tanque boraviano passando na frente da casa, correu até a cozinha e pegou seu fuzil e sua pistola, e depois chegou à rua, o tanque estava atravessando uma ponte que cruzava um rio no bairro, William continuou correndo e ascenando para o tanque, um dos soldados viu William e gritou:
- Parem! Há um soldado nosso lá atrás!
O tanque parou de se locomover, estava na metade da ponte, o soldado do tanque desceu e caminhava agora em direção à William, mas os dois pararam quando ouviram um grito:
- ESTÃO VINDO!!!
William olhou para o horizonte e viu um míssel vindo na direção da ponte, um intenso clarão surgiu na sua frente, uma onda de calor atingiu seu rosto e um estrondoso som deixou William surdo por alguns segundos, o único som que restou foi um zumbido, o seu corpo foi jogado no chão pela força do impacto e ficou incosciente por alguns minutos.
Quando acordou, estava jogado no chão, coberto por pedras e metal retorcido, um pedaço de metal estava atravessado em seu uniforme, por isso sentia uma forte dor na perna direita, conseguiu se levantar e olhou em volta, a visibilidade era pouca, havia muita poeira e fumaça por todo lugar, começou à caminhar lentamente em qualquer direção, já que não sabia mais onde ficava a ponte e a casa de Martha.
Enquanto mancava pela rua, William pisou em algo que chamou a sua atenção, quando olhou para o chão para ver no que tinha pisado, viu o braço de alguém, manchando o asfalto de sangue, provavelmente pertencia ao soldado que viria ajudar William. Assustado, deu alguns passou para trás, até parar quando encostou-se num pedaço de concreto, só aí percebeu que não só o tanque, mas também a ponte tinha sido destruída.
Depois de caminhar pela rua tentando achar a casa onde estava Martha e sua filha, finalmente achou e entrou mancando, Martha o viu em um estado de choque, e antes que atingisse o chão, Martha o pegou, ele estava inconsciente e tinha um ferimento em sua testa que não parava de sangrar, e um pedaço de metal retorcido em sua perna direita, seu fuzil que estava em suas costas, sustentado pela bandoleira, estava completamente destruído, além de toda a poeira que cobria os seus cabelos.
- Deus!
- Mãe... - Disse a voz da menina, preocupada.
- Filha, vai lá em cima, no banheiro, e pega a maleta com os remédios pra mãe, vai...
A garotinha obedeceu e subiu as escadas apressada.
- Por que que você teve que sair? - Perguntava ela.
A batalha aérea continuava, mas desta vez as aeronaves voavam mais ao longe, acima do centro da cidade. Da casa onde os três estavam, apenas podia-se ouvir os sons das turbinas, que mais se pareciam como trovões distantes, os estrondos eram as explosões acima dos prédios, quando aviões explodiam e caíam nas ruas...
Mas ainda era só o começo da guerra.
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